Com o slogan “Inovação que transforma”, a 14ª edição da TICAL abriu suas portas em San José, Costa Rica, reafirmando seu papel como o mais importante ponto de encontro das comunidades acadêmica, científica e tecnológica da América Latina, Caribe e Europa. 

Organizada pela RedCLARA, RedCONARE e União Europeia, no âmbito do programa BELLA II (Building the Europe Link to Latin America), a conferência reúne, de 11 a 13 de novembro, mais de duzentos representantes de governos, universidades, redes acadêmicas, organizações multilaterais e empresas de tecnologia, todos comprometidos com o mesmo objetivo: transformar a cooperação digital em um motor de conhecimento, inovação e desenvolvimento sustentável. 

O encontro ocorre em um momento crucial para a região, em que conectividade avançada, inteligência artificial e ciência aberta deixaram de ser questões técnicas e se tornaram eixos estratégicos de integração e desenvolvimento.  Em linha com os objetivos da Aliança Digital UE-ALC, a TICAL2025 promove o intercâmbio de experiências, a capacitação e a definição de uma agenda comum que reúne a academia, os governos e o setor de tecnologia.

A reunião ocorre em um momento crucial para a região, em que conectividade avançada, inteligência artificial e ciência aberta deixaram de ser questões técnicas e se tornaram eixos estratégicos de integração e desenvolvimento.  Em linha com os objetivos da Aliança Digital UE-ALC, a TICAL2025 promove o intercâmbio de experiências, o desenvolvimento de capacidades e a definição de uma agenda comum que reúne o meio acadêmico, os governos e o setor tecnológico.

Uma abertura marcada pela cooperação

A atmosfera na inauguração refletiu a importância deste momento: a América Latina enfrenta uma grande oportunidade de transformação digital. Do pódio, todos os discursos transmitiram a mesma mensagem: a infraestrutura só faz sentido quando fortalece a cooperação, e a cooperação só pode ser consolidada quando se baseia na confiança.

Em seu discurso de abertura, Luis Eliécer Cadenas, diretor executivo da RedCLARA, resumiu a essência desse objetivo comum. “A infraestrutura é o meio; a colaboração é o objetivo”, enfatizou. “Com o BELLA II, a cooperação birregional passa do discurso à prática, transformando a conectividade em ciência, educação e oportunidades reais para nossos países.”

Por sua vez, Hubert Vargas, vice-ministro do MICITT, reafirmou o compromisso do país anfitrião com uma transformação digital voltada para o serviço público e o fortalecimento das capacidades nacionais. “A conectividade avançada é a espinha dorsal da sociedade do conhecimento. Não se trata apenas de redes, cabos ou centros de dados, mas da infraestrutura que sustenta a aprendizagem, a pesquisa, a inovação e os serviços públicos no século XXI.”

Vargas destacou que, após a recente assinatura de um Memorando de Entendimento com a RedCLARA para a inclusão da Costa Rica na BELLA II, o MICITT está realizando uma análise abrangente de possíveis casos de uso e identificando atores nacionais que poderiam se juntar a essa iniciativa. “Queremos que a transformação digital se traduza em mais oportunidades, mais talentos e mais inovação”, afirmou.

O embaixador da União Europeia na Costa Rica, Pierre-Louis Lempereur, enfatizou que a cooperação entre as duas regiões tornou possível reduzir as desigualdades digitais, promover o acesso aberto e fortalecer as capacidades tecnológicas locais como base para o desenvolvimento sustentável. “Esses esforços são coordenados no âmbito da Global Gateway, a estratégia europeia que integra cooperação, digitalização e inclusão. A Aliança Digital UE-ALC é um exemplo de como a transformação digital pode se tornar um motor comum de desenvolvimento”, afirmou.

Por fim, Carlos Gamboa, coordenador da RedCONARE, destacou a importância da Costa Rica sediar este encontro. “A TICAL é um espaço onde pesquisa, educação e inovação convergem, e onde a colaboração se traduz em resultados concretos para nossas instituições e comunidades.”

Inteligência artificial, educação e inovação

O primeiro tema da conferência abordou as implicações da inteligência artificial na educação digital, com uma apresentação de Gustavo López Herrera, pesquisador da Universidade da Costa Rica. Um estudo com mais de 450 estudantes universitários analisou as percepções sobre o uso da IA na aprendizagem e mostrou tanto seu potencial quanto seus riscos. “A inteligência artificial promete eficiência e personalização, mas também apresenta desafios éticos e cognitivos”, explicou. “O risco não está na ferramenta, mas em como a integramos e em que medida fortalecemos as habilidades críticas de quem a utiliza.”

López defendeu uma IA centrada nas pessoas que complemente o ensino sem substituir o pensamento humano e enfatizou a necessidade de alfabetização digital e treinamento ético para garantir o uso responsável dessas tecnologias em ambientes acadêmicos. 

A discussão continuou no painel “Educação inovadora: da mudança tecnológica à transformação do conhecimento”, moderado por José Palacios, presidente do conselho da RedCLARA e da REUNA (Chile). Esta sessão contou com a participação de Hubert Vargas P. (MICITT, Costa Rica), Andrea Concha Salazar (Fundación EAM, Colômbia) e Lilliana Rodríguez Barquero (UTN San Carlos, Costa Rica), que concordaram que o ensino superior deve liderar a transição digital por meio de currículos mais flexíveis, formação contínua de professores e maior coordenação entre o Estado, a academia e o setor de tecnologia. “A verdadeira mudança ocorre quando a tecnologia amplifica o pensamento humano, não quando o substitui”, disse Concha Salazar, enfatizando que a inovação deve manter um propósito pedagógico e social.

A conferência também incluiu a apresentação de iniciativas em infraestrutura avançada e serviços acadêmicos inteligentes, que mostraram como a cooperação técnica regional se traduz em projetos concretos em supercomputação, conectividade transfronteiriça e inteligência artificial aplicada à pesquisa científica.

Nos próximos dias, o TICAL2025 abordará os temas da ciência de impacto, saúde digital, educação inclusiva e segurança digital, com a participação de especialistas da RNP (Brasil), REUNA (Chile), CEDIA (Equador), RENATA (Colômbia) e GÉANT (Europa). O encontro será encerrado com a sessão plenária “CENIA e a revolução da IA”, conduzida por Álvaro Soto, e com o Fórum SPIDER – Diálogos para a Transformação Digital UE-ALC, que apresentará os avanços da cooperação birregional em conectividade, inovação e ciência aberta.

Desde sua criação em 2011, o TICAL se consolidou como um espaço onde a cooperação deixa sua marca: cada edição ampliou a rede de conhecimento que hoje conecta mais de vinte países. Seguindo o impulso da TICAL2024, realizada no Rio de Janeiro, a edição da Costa Rica reafirma seu status como um fórum estratégico para definir políticas, projetos e capacidades conjuntas que fortalecem a ciência, a educação e a inovação na América Latina e no Caribe, em estreita colaboração com a Europa.