San José, Costa Rica, foi o cenário de “Conectando Mentes, Transformando Realidades”, a oficina que serviu como prelúdio do TICAL2025 e que reuniu a comunidade regional em torno da inovação aberta, da conectividade avançada e da cocriação.
Organizada pela RedCLARA, junto com a RedCONARE, a RNP (Brasil), a CEDIA (Equador), o CeNAT e a Promotora Costarriquenha de Inovação e Pesquisa (PCII), entidade vinculada ao MICITT, a oficina reuniu pesquisadores, docentes, empreendedores e gestores de inovação da América Latina e do Caribe.
Durante a abertura, Luis Eliécer Cadenas, Diretor Executivo da RedCLARA, destacou que a organização oferece mais do que infraestrutura dedicada para impulsionar a cooperação, o desenvolvimento digital e o trabalho com as universidades.
“A RedCLARA não é apenas uma rede de conectividade: somos uma plataforma digital, um ambiente de colaboração e um modelo de cooperação que amplia as capacidades dos nossos países”, afirmou.
A RedCLARA lidera o projeto BELLA II, cofinanciado pela União Europeia, que está impulsionando novas oportunidades para a pesquisa e a inovação. Entre os avanços recentes, Cadenas mencionou um acordo com o MICITT para ampliar a conectividade da Costa Rica e a próxima integração da Guatemala ao projeto.
“O resultado dessa cooperação não é linear: é exponencial. Cada conexão soma, mas, acima de tudo, multiplica”, enfatizou.
A partir dessa visão, a jornada avançou para a exploração prática de como as redes de colaboração podem transformar realidades.
Eduardo Grizendi, presidente do Conselho Diretor da RedCLARA e diretor de Engenharia e Operações da rede avançada brasileira RNP, abriu o primeiro bloco lembrando que inovação não se reduz à invenção ou à tecnologia:
“Invenção não é sinônimo de inovação; só é inovação quando gera valor para a sociedade”, afirmou.
As apresentações seguintes mostraram como as Redes Nacionais de Pesquisa e Educação (RNIEs) são catalisadoras da inovação.
Leandro Ciuffo apresentou os avanços do programa de laboratórios e testbeds da RNP, que hoje conectam mais de 700 universidades e 12 startups para experimentar com tecnologias emergentes como blockchain, 5G, identidade digital e inteligência artificial.
Ana Barbosa, coordenadora de Inovação Aberta da RNP, compartilhou o impacto do modelo de incubação que já deu origem a 23 startups provenientes de projetos acadêmicos, com mais de US$ 40 milhões em faturamento e 300 empregos diretos.
“Nem todos os pesquisadores serão empreendedores, mas todos os projetos podem gerar inovação”, destacou.
Luiz Coelho, também da RNP, encerrou a manhã com três exemplos de sucesso: Eduplay, plataforma de vídeo educativo com mais de 115 milhões de acessos; Conferência Web, ferramenta colaborativa desenvolvida em universidades brasileiras; e Diploma Digital, solução baseada em blockchain que preserva e autentica documentos acadêmicos.
“Cada um desses serviços nasceu na universidade, cresceu na rede e hoje gera valor para todo o país e para a região”, ressaltou.
Na sessão da tarde, a CEDIA (Equador) apresentou sua experiência no desenvolvimento de estratégias de inovação e na criação de protótipos conceituais aplicáveis à ciência, à educação e à tecnologia. A apresentação de Freddy Sumba destacou a importância de conectar pesquisa e ação, criando modelos que facilitem a transferência de conhecimento para soluções concretas.
Em seguida, foi realizada a atividade “Compartilhando Ideias para Transformar Realidades”, conduzida por Luis Vargas, Gustavo Patiño, Cristian Patiño e Freddy Sumba (CEDIA). Em um ambiente de intensa troca, os participantes trabalharam em equipes multidisciplinares para projetar iniciativas colaborativas voltadas a desafios reais. As propostas integraram visões acadêmicas, tecnológicas e de gestão pública, demonstrando como a inovação aberta se concretiza quando diferentes setores se articulam em torno de um propósito comum.
O dia encerrou com uma reflexão sobre o papel das redes acadêmicas na sustentabilidade desses ecossistemas. Carlos Gamboa, da RedCONARE, destacou que a inovação requer confiança, continuidade e cooperação, ressaltando que as redes são comunidades vivas que geram valor compartilhado e fortalecem a capacidade regional de inovar.
A oficina se consolidou como um prelúdio inspirador do TICAL2025, que será oficialmente inaugurado amanhã, em San José, com uma agenda focada em colaboração, transformação digital e construção de capacidades.
Nos próximos dias, os participantes continuarão explorando casos, tecnologias e metodologias de inovação aberta, além dos avanços do BELLA II, dos testbeds regionais e das iniciativas que conectam a América Latina e a Europa por meio da Aliança Digital UE–ALC.
Com o olhar voltado para o futuro, inovar, conectar e transformar deixaram de ser um lema para se tornarem uma prática compartilhada — o verdadeiro idioma comum da região digital.

